O MG Midget: Uma Jornada pela Sua História
Para os entusiastas e proprietários de carros clássicos, poucos veículos capturam o espírito da condução acessível e ao ar livre como o MG Midget. Este pequeno roadster britânico, com seu charme intemporal e caráter ágil, conquistou um lugar especial nos corações daqueles que apreciam a era dourada do automobilismo. Desde as suas origens no início dos anos 1960 até os últimos modelos MG Midget 1500 do final dos anos 1970, a história do Midget é uma jornada de evolução, adaptação e um apelo duradouro que ainda atrai olhares nos encontros de carros clássicos. Vamos percorrer sua história e descobrir o que torna este pequeno carro um verdadeiro ícone entre os apaixonados por clássicos.
O Nascimento do MG Midget
O nome MG Midget apareceu pela primeira vez no final dos anos 1920 com o M-Type, um pequeno carro desportivo baseado no Morris Minor. Esse primeiro Midget ajudou a estabelecer a reputação da MG como fabricante de máquinas acessíveis e divertidas de conduzir – verdadeiras pequenas joias. No entanto, o Midget que conhecemos e amamos hoje surgiu em junho de 1961, revivendo a designação após uma pausa desde os modelos da série T dos anos 1950.
O novo MG Midget era, na realidade, uma versão rebatizada do Austin-Healey Sprite MkII, fruto da colaboração entre a empresa-mãe da MG, a British Motor Corporation (BMC), e Donald Healey. O Sprite já havia conquistado entusiastas com seu design peculiar “frogeye” (olhos de sapo), mas em 1961, ele evoluiu para uma forma mais convencional, preparando o caminho para a chegada triunfal do Midget.
O primeiro MG Midget, o MkI, era simples, mas cativante. Equipado com um motor A-Series de 948cc que entregava modestos 46 cavalos de potência, não era feito para bater recordes de velocidade, mas sim para proporcionar o puro prazer de condução. Com pouco mais de 680 kg, sua estrutura leve e dirigibilidade ágil tornavam-no um deleite nas sinuosas estradas britânicas. O Midget destacava-se do seu primo Sprite com uma grelha MG autêntica, um pouco mais de cromado e um interior ligeiramente mais requintado – pequenos detalhes que justificavam seu preço e conquistavam os fãs da MG. Para os entusiastas de carros clássicos de hoje, o MkI é uma raridade valiosa, com suas janelas de encaixe e design minimalista evocando uma era mais simples.
Evolução ao Longo das Décadas
O MG Midget não ficou parado no tempo. Em 1962, o MkI recebeu um pequeno reforço com um motor A-Series de 1.098cc, elevando a potência para 56 cavalos. Os travões dianteiros de tambor foram substituídos por discos, uma melhoria bem-vinda para quem gostava de uma condução mais dinâmica. Depois, em 1964, surgiu o MkII, trazendo mais refinamento. As molas traseiras semi-elípticas substituíram o antigo sistema de molas quarto-elípticas, tornando a condução mais suave e reduzindo um pouco a tendência para derrapagens. Vidros elétricos e puxadores de porta convencionais deram-lhe um toque mais prático, tornando-o mais utilizável no dia a dia sem perder o seu espírito divertido.
O grande salto aconteceu em 1966 com o MkIII. Esta versão introduziu o motor A-Series de 1.275cc – emprestado do Mini Cooper S, embora com potência reduzida para 65 cavalos. Por quê a redução? A MG não queria que o Midget superasse o seu irmão mais sofisticado, o MGB. Mesmo assim, o MkIII era uma combinação perfeita de agilidade e energia, consolidando-se como um dos favoritos dos fãs. Com o passar dos anos, recebeu pequenos ajustes – uma grelha redesenhada aqui, luzes traseiras retangulares em 1969 e os icónicos arcos de roda traseiros arredondados em 1972, que, curiosamente, não se mantiveram por muito tempo.
Para muitos, os modelos MkIII com para-choques cromados, especialmente de 1972 a 1974, representam o Midget em sua melhor forma: uma aparência clássica combinada com uma condução que sempre arranca um sorriso.
O MG Midget 1500: Uma Nova Era
Em 1974, o MG Midget enfrentou um momento decisivo. Regulamentações mais rígidas de segurança e emissões, especialmente vindas dos Estados Unidos, tornaram mudanças inevitáveis. Assim nasceu o MG Midget 1500—um carro que representava tanto um novo capítulo quanto o último ato da linha Midget. O confiável motor A-Series deu lugar a um motor Triumph Spitfire de 1.493cc, acoplado a uma caixa de câmbio Marina com sincronização em todas as quatro marchas. Ainda entregava 65 cavalos de potência, mas o torque extra proporcionava uma resposta mais forte em baixas rotações—menos estridente, mais robusto, por assim dizer.
Visualmente, o MG Midget 1500 era um legítimo filho dos anos 70. Os grandes para-choques de borracha preta—que dividem opiniões—substituíram os cromados para atender aos padrões de segurança dos EUA, e a altura do carro foi ligeiramente aumentada para se adaptar. Barras estabilizadoras foram adicionadas, embora alguns digam que isso amorteceu demais a dirigibilidade. No Reino Unido, os carburadores duplos SU HS4 mantinham o desempenho animado, permitindo que o carro superasse os 160 km/h e atingisse os 100 km/h em cerca de 12 segundos. Já nos Estados Unidos, os equipamentos de controle de emissões, como bombas de ar e um único carburador Zenith-Stromberg, reduziram a potência para apenas 50 cavalos—o pobre carro perdeu todo seu fôlego.
Mesmo assim, o MG Midget 1500 vendeu como pão quente, com 73.899 unidades produzidas antes do fim da linha em 1979. Sobreviveu aos turbulentos anos da British Leyland, e os últimos modelos saíram da fábrica de Abingdon em 7 de dezembro de 1979—500 deles pintados de preto, como uma despedida apropriada. Quando a fábrica fechou em 1980, não foi só o Midget que desapareceu; para muitos, simbolizou o fim definitivo do clássico esportivo britânico.
Por que o MG Midget Ainda Encanta?
O que faz com que o MG Midget continue conquistando admiradores? Para começar, é incrivelmente acessível. Mesmo hoje, é possível encontrar um exemplar em bom estado por um preço razoável — especialmente o MG Midget 1500, já que os seus para-choques de borracha afastam os puristas.
Depois, há a experiência de condução. Ele não é rápido—longe disso—mas a sensação ao volante é inigualável. Seu chassi leve e direção ágil fazem com que cada curva e irregularidade do asfalto sejam sentidos. Jogá-lo em uma estrada sinuosa do interior é pura diversão—pequeno o suficiente para deslizar por curvas apertadas, mas indulgente o bastante para não acabar em uma cerca viva. Os donos sempre falam sobre a filosofia do "carro lento rápido"—não se trata da velocidade máxima, mas de aproveitar ao máximo cada momento ao volante.
Para os entusiastas da mecânica, o Midget é um paraíso. Nada de eletrónica complicada ou direção assistida—apenas uma mecânica honesta que pode ser consertada com uma chave inglesa e um pouco de conhecimento.
Fonte: Rimmer Bros