Era uma vez um homem chamado Jacques Coune…

Internacional
26 Setembro 2022

… que nascido em 1924 numa família de automobilistas constituiu, após a Segunda Guerra Mundial onde serviu como oficial do exército, uma empresa com seu pai para fornecer peças de reposição e fazer a montagem de carros ligeiros da marca francesa Panhard para o mercado belga, em nome da Paul Sterckx S.A.

Em meados da década de 1950, abriu uma oficina de automóveis na Av. de la Couronne, em Bruxelas, onde assistia carros desportivos e exclusivos da Jaguar, Aston Martin e de outras marcas de elevado preço tendo-se tornado ainda no primeiro revendedor Abarth fora de Itália.

Durante 1956, ao integrar a equipa “Ecurie Francorchamps” correu com um Ferrari 166 MM e acabou fazendo a manutenção dos carros desportivos da equipa, especialmente do Ferrari 250GT Berlineta. Foi co-fundador da “Ecurie Nationale Belge”, também conhecida como ENB – “Equipe Nationale Belge”, e chegou a desenhar um carro para Lucien Bianchi conduzir no GP de Pau, prova do Campeonato Mundial de Fórmula 1, em 1962. Tendo por base um chassis Emeryson e um motor Maserati acabou designado como ENB 1962-Maserati.

Nesse mesmo ano, Coune abriu a sua “Carrosserie Jacques Coune” onde projetou e construiu diversas carrocerias tendo por base modelos de outros fabricantes. 

Entre 1963 e 1965, a sua empresa teve “stand” no Salão Automóvel da Bélgica, para ali expor algumas das suas criações tais como:

  • um conversível construído a partir do Volvo 122S de 2 portas, com apenas 4 unidades produzidas;
  • o Coune Volvo 122S Amazon Roadster de 2 lugares produzido em exclusivo para um amigo americano;
  • o único Coune que, feito a partir do Mercedes-Benz W110, foi vendido para um cliente dos EUA;
  • e o Coune MGB Berlineta que, surgindo em 1964, se antecipava ao próprio GT da MG. Isto fez com que Jacques Coune chegasse a encontrar-se com Sir Alec Issigonis no sentido de explorar a possibilidade da BMC –  British Motor Corporation vir a produzir, em Abingdon, aquele seu conceito. A decisão final não lhe foi favorável porque os comentários de Issigonis foram no sentido de o carro parecer muito italiano. De facto, a maioria dos artesãos eram de Turim e a traseira era semelhante à do Ferrari 375GTB.

Sem o apoio da BMC e a sua capacidade de produção em massa, os métodos de fabricação de Coune, habilmente construídos à mão e tecnicamente excelentes, não eram uma proposta comercialmente viável pelo que, entre 1963 e 1966, apenas foram produzidas 56 unidades e todos elas com o volante à esquerda. Em 2017, ainda existiam 12 unidades.

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Durante 1965, Coune ainda construiu e vendeu 120 “hardtops” para viaturas MGB com faróis embutidos na carroceria e consta que apenas 2 unidades sobrevivem.

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Por último e dentro da mesma linha de desenvolvimento a partir do MGB apresentou, no Salão Automóvel de Bruxelas, em 1966, o seu MGB «Gemini» Spyder que foi um Targa vermelho especialmente preparado para o barão Lippens. O segundo proprietário, P. Grant, repintou-o em amarelo-laranja e a terceira e última proprietária destruiu-o por completo num acidente de viação. 

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Quando a situação económica na Bélgica piorou no final da década de 1960, muitos dos seus artesãos retornaram à terra natal e a oficina fechou em 1968.

Na década de 1970, juntou-se a Charly de Pauw para desenvolver uma atividade no ramo imobiliário e a partir de 1984 tornou-se curador do museu do automóvel que Pauw fundou na Place Rogier, em Bruxelas, para albergar uma primorosa coleção de automóveis que depois da sua morte foi transferida para a Autoworld.
Coune veio a falecer em fevereiro de 2012 aos 88 anos.

Referências:
https://en.wikipedia.org/wiki/Jacques_Coune
https://www.coachbuild.com/index.php/encyclopedia/coachbuilders-models/…
https://www.coachbuild.com/index.php/encyclopedia/coachbuilders-models/…
https://w.coachbuild.com/index.php/encyclopedia/coachbuilders-models/it…