Para a comemoração do Centenário da marca MG, o MGCC-UK decidiu um ano de festividades entre 1 de junho de 2023 e 30 de junho de 2024. O MG Club de França que a cada 2 anos organiza um «MG DAYs» para sócios e entusiastas MG, marcou o MG DAYs de Centenário MG para os dias 1 a 4 de junho 2023.
Com 324 viaturas MG inscritas, puderam contar com modelos de todas as gerações e uma excelente representação dos pré-guerra: o K3 ex-Prince Bira, um WA Drophead coupé, dois SA incluindo um Tickford e os L2, M, C, J2, PA, PB, NA, NB, VA, TA
As outras gerações MG também estiveram presentes: YA, T Series (TB, TC, TD, TF), Magnette ZA, MGA em todas as versões, MGB ou GT em 4 cilindros e V8, MGC, MG1100, um raro Metro 6R4, RV8, MGF e TF, ZT e ZT-TT.
Numericamente falando, o pódio de presenças ficou preenchido com o MGB em 1º, o MGA em 2º e o MGTF (anos 2000) em 3º lugar.
Em relação a países representados, a França dominou, mas também marcaram presença equipas oriundas da Grã-Bretanha, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Portugal e até da Austrália!
Bem chegados a Orly foi tempo de pegar nos carros, até lá transportados em camião fechado, e rumar a Épernay para alojamento. O Sócio Domingos Faria no seu MGB pull-handle viajou com a esposa e eu no MGTF160 ganhei a companhia de Catarina, a filha do casal. Por uma feliz coincidência encontrei o meu apartamento bem próximo do hotel deles o que facilitou a logística e me deu mais segurança no parqueamento da viatura.
1º DIA – QUINTA-FEIRA – 1 DE JUNHO
Sabíamos que o local de acolhimento dos participantes durante a tarde, seria o Centre Vinicole-Champagne Nicolas Feuillatte*, mas Domingos Faria, sabendo que o nosso Sócio Victor Rodrigues já estava alojado em AY, foi tomar o pequeno-almoço com ele e logo combinaram a visita às Caves do Champagne Henri Goutorbe, também ele dono do hotel em que estava alojado.
Na receção dos participantes, recebemos as lembranças, fizemos compras na Boutique, visitámos o local de produção do Champanhe Nicolas Feuillatte, provámos o Reserve Exclusive Brut e a caminho da sala panorâmica, passámos pela Exposição MG “O Centenário”. No final do jantar entregámos um troféu de agradecimento a Bernard Casters que, voluntariamente, ajudou o MGCF nas inscrições, cobranças, receção e acompanhamento dos participantes.
*Henri Macquart fundou o Centre Vinicole de la Champagne e Nicolas Feuillatte vendeu a sua marca ao Centro, em 1986. A Terroirs & Vignerons de Champagne, que produz a marca Nicolas Feuillatte, resultou da fusão entre o Centre Vinicole-Champagne Nicolas Feuillatte e a Coopérative Regionale des Vins de Champagne, no final de 2021
Este grupo representa 5.000 viticultores e 3.000 hectares, ou seja, 9% da superfície da denominação de Champagne. Tem um potencial de produção de 24,5 milhões de garrafas e visa atingir os 5% da quota de mercado em volume, em 2026, e é a mais jovem das grandes Maisons, que já está entre os 3 maiores operadores de Champagne.
2º DIA – SEXTA-FEIRA – 2 DE JUNHO
O Rali «Montanha de Reims» nos seus 175km
O percurso, orientado pelo road-book, a partir do parque Millesium mostrou-nos grandes extensões de vinhedos com paisagens deslumbrantes justificando o facto de a região de Champagne ser Património Mundial da UNESCO.
O almoço foi servido ao ar livre no espaço do antigo Circuito Automóvel de Reims-Gueux* que teve os seus tempos áureos nos anos 50. Após a refeição os participantes foram transportados de autocarro até à Catedral ou ao Museu Automóvel de Reims de acordo com a opção de visita escolhida.
Devolvidos à estrada, fomos em busca das Caves do Champagne Canard-Duchêne** que nos surpreendeu pela manutenção do ritual do sabring que é a sua assinatura e a expressão do seu carácter. A prática remonta aos regimentos de cavalaria e em particular aos famosos hussardos da Guarda Napoleónica em que no regresso das batalhas, os oficiais abriam o champanhe com suas armas para glorificar a sua vitória.
De regresso a Épernay era-nos sugerido: uma paragem no Phare de Verzenay que alberga um Museu do Vinho, um passeio pelos Faux de Verzy*** e uma especial atenção para o Château de Saran que pensado como pavilhão de caça por Jean-Rémy Moët, em 1801, é agora propriedade de Bernard Arnault que é o presidente e diretor-executivo do grupo LVMH, a maior empresa de artigos de luxo do mundo. É uma residência familiar e não um hotel.
*O Circuito Reims-Gueux é um antigo circuito de Fórmula 1. Foi usado pela primeira vez em 1926. Em 1938, o Automobile Club de France usou-o para o Grande Prémio da França. A primeira corrida oficial de Fórmula 1 foi lá disputada em 1950, e assim continuou até 1966. O circuito foi fechado definitivamente em 1972.
**O Champagne Canard-Duchêne é único nas suas origens, história e estilo. As suas caves estão sediadas em Ludes, no Parque Nacional Montagne de Reims, desde 1868. Os fundadores, Victor Canard e Léonie Duchêne, receberam da Família Imperial Russa o direito de utilizarem o seu brasão de armas e por isso a águia bicéfala coroada aparece em todos os rótulos da Canard-Duchêne, desde o final do século XIX.
*** Um Fau de Verzy é uma faia anã (Fagus sylvatica variedade tortuosa), mas também um carvalho anão ou um castanheiro anão. Eles não têm mais de 4 ou 5 metros de altura. No verão, estendem as suas folhas como pesados guarda-sóis. No inverno, a sua forma tortuosa é mais visível com troncos e galhos tortos, dobrados, retorcidos e pendentes no chão cuja razão de ser ainda é obscura para os botânicos. Com mais de 1.000 faias anãs, a Floresta Nacional de Verzy é a sua principal reserva mundial.
3º DIA – SÁBADO – 3 DE JUNHO
O Rali «Vale do Marne» nos seus 180km
Logo 5km após sairmos do parque Pierre Gaspard, era-nos sugerida uma paragem na Igreja de Saint-Martin de Chavot que, construída em 1108, se encontra isolada no meio das vinhas, mas altaneira em relação ao vale de Cubry. Uns quilómetros à frente passámos pelo Château de Montmort que Victor Hugo descreveu como uma "encantadora agitação de torres de cataventos, cumeeiras, clarabóias e lareiras" e estacionámos em Orbais para visitarmos a Abadia de São Pedro e São Paulo de Orbais que foi construída no início do séc. XIII pelo arquiteto Jean d’Orbais, também ele responsável pela Catedral de Reims.
Depois dos Châteaux de Condé e Doultre chegámos ao produtor do Champagne Jean-Louis Petit, em Chézy-sur-Marne, onde almoçámos e encontrámos duas compatriotas.
Ao circularmos numa região que foi muito fustigada pelos Alemães durante a 1ª Guerra Mundial os memoriais sucedem-se e a primeira paragem foi no Monumento Americano erigido, por decisão das autoridades americanas, no local em que ferozes batalhas ocorreram em julho de 1918, na região de Château-Thierry. A águia americana, no lado leste do monumento, tem uma inscrição a dizer que: “O tempo não ofuscará a glória dos vossos feitos” e em baixo, um mapa mostra o progresso feito pelas forças americanas durante a Batalha de Aisne-Marne. O projeto foi entregue ao arquiteto franco-americano Paul Cret.
Em Dormans, o Memorial das Batalhas do Marne é uma capela que se constitui como um dos quatro monumentos nacionais dedicados à 1ª Guerra Mundial a par do ossário de Douaumont (Meuse), notre-Dame de Lorette (Pas-de-Calais) e o Hartmannswillerkopf (ou Vieil Armand) nas montanhas Vosges.
De regresso a Épernay ainda passámos pela estátua de Eudes de Châtillon que, nascido em Châtillon-sur-Marne por volta de 1022, foi o 159º Papa da Igreja Católica. Ficou conhecido como Urbain II e esteve na origem da primeira cruzada que ocorreu, em 27 de novembro de 1095.
O dia terminou com um Jantar de Gala e música ao vivo no Centro Nicolas Feuillatte.
4º DIA – DOMINGO – 4 DE JUNHO
A designada exposição efémera de todas as viaturas MG presentes no evento, ocorreu na Avenida de Champanhe, em Épernay.
Também ela considerada Património Mundial da Humanidade, abriga as mais prestigiadas casas de Champagne. Palacetes e mansões da Moët & Chandon, Perrier-Jouët, Boizel, de Venoge, Vranken, Pol Roger, Mercier e G.H. Martel e de outras prestigiadas marcas ali se encontram. Tem 110 quilômetros de caves subterrâneas que armazenam mais de 200 milhões de garrafas de Champagne.
Dali, uma extensa caravana MG seguiu para a derradeira refeição no Centro Nicolas Feuillatte.
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